*Por Antonio Leitão
O mundo vive uma das maiores crise de pandemia já vista em todos os tempos provocada pelo COVID-19. No Brasil, os casos de contaminação e mortes vem crescendo drasticamente, no entanto, apesar disso, temos boas notícias: milhares de pessoas estão se recuperando.
Diante deste cenário, os especialistas em saúde, aqueles que seguem critérios científicos – sem desmerecer outras formas de conhecimento – recomendam o isolamento e o distanciamento social como medidas preventivas à proliferação do vírus.
Habituado ao frenético movimento do ir e vir seja nos grandes centros urbanos ou nas pequenas cidades, de repente as pessoas se chocam com a necessidade do isolamento e distanciamento social. Isto tem provocado nos indivíduos certos estados psicológicos, tais como: ansiedade, tédio, irritação, agressividade, tristeza. Ficar em casa por longo período nunca foi, para a maioria das pessoas, uma situação de satisfação e prazer.
Diante disso, como a Literatura pode ajudar terapeuticamente na superação destes estados psicológicos?
Para responder esta pergunta é preciso compreender brevemente o homem em suas múltiplas dimensões. Em nossas considerações, na esteira da análise do filósofo italiano Batista Mondin, em sua obra O homem, quem é ele? Elementos de Antropologia Filosófica, nos limitaremos a três dimensões, a saber: o homem como ser social, cultural e laboral.
A primeira dimensão diz respeito ao homem como ser social. “O homem é por natureza um ser social”. As pessoas estão em constante relação com seu semelhante. Sozinho o homem não se satisfaz. Os encontros nos bares, a prática esportiva, as aulas, o trabalho, tudo isto faz parte da dimensão sócio-humana do ser social.
A segunda é a dimensão cultural. Essa dimensão compreende o homem como autor e coautor daquilo que ele faz com o uso de suas faculdades. “A cultura é a forma da sociedade.” As festividades, o esporte, a escola, produções literárias, construções, tecnologias são manifestações culturais.
Por fim, o homem é um ser laboral (que trabalha), compreendido como fazedor de obras. Pelo trabalho o homem transforma e se forma ou mesmo se deforma. O trabalho, como diria o poeta Vinícius de Moraes no poema “O operário em construção”, é, também, a base da vida humana.
É olhando para o homem como ser social, cultural e laboral, e que está em constante busca de sentido, que se insere a importância da literatura. E mais, é neste contexto de insegurança, angústia e medo que a literatura pode contribuir como terapia para superação destes estados psicológicos.
A Literatura, embora pareça para o senso comum coisa de gente “lunático”, assim como aqueles que julgam ser a Filosofia para “loucos”, leva o homem a transcender o imediato, ela impulsiona o homem para além da vida prática. A assim como fogo é a riqueza incalculável para a vida humana, a Literatura é o fogo abrasador da alma, o encantamento do espírito livre de homens e mulheres.
Camila Salles Gonsalves, no prefácio do livro O leitor e o texto: a função terapêutica da literatura, afirma que “histórias contadas, narrativas, evocam o poder da imaginação, que torna presentes outros mundos, outros tempos”. Para ela, literatura é prazer. O que se entende por estas colocações são os efeitos do texto no ouvinte ou no leitor, desde a liberação de emoções até vivências reparadoras.
Leandro Karnal, na apresentação do livro A Literatura como remédio: os clássicos e a saúde da alma, de Dante Gallian, faz a seguinte afirmação: “a literatura é remédio [...] tenta restituir a saúde da reflexão e nos retira da melancolia da irrelevância, da banalidade do ser, da falta de sentido, e de pensamento que se tornaram gêmeos xifópagos do cotidiano liquido contemporâneo.” Seguindo o mesmo raciocínio, para Clarice Fortkamp Caldin, em seu artigo A leitura como função terapêutica: biblioterapia, “a função terapêutica da leitura admite a possibilidade de a literatura proporcionar a pacificação das emoções”.
O contato com a literatura (romance, poesia, crônica e contos) ainda é uma tarefa difícil, ou como iniciava Miguel de Cervantes no prologo da celebre obra literária O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, uma tarefa para “desocupado leitor”.
Neste período de isolamento em que as pessoas se encontram mais “desocupadas”, percebe-se que elas estão também mais a fatigadas, desassossegadas, entediadas, amedrontadas. Mediante a estes fatores, a literatura literária pode ser uma forma terapêutica para ajudar a superar estes estados psicológicos.
A palavra terapia, do grego thaerapia, significa servir a Deus. Portanto, a prática terapêutica objetiva a criação de harmonia, paz e bem estar sentimental, emocional, psíquico e espiritual. Na Literatura, a terapia são as histórias, as narrativas que, às vezes, surgem da imaginação fértil e outras das coisas reais e reinventadas. Chamo de terapia porque estas histórias quebram, como diria Dante, as “rotinas dos dias cinzentos, abre as portas para outras dimensões e patamares da realidade”.
O dia corrido das pessoas não lhes permite um tempo para leituras, muitos menos para as literárias. Com o isolamento, o fica em casa, é o memento propício para algumas leituras de romances, poemas, crônicas e contos, úteis para superar o medo, a ansiedade, o tédio, a impaciência, provocadas pela necessidade do isolamento. Mas o que devo ler? Sugiro as seguintes obras, não obstante, o leitor tem toda liberdade de tá pesquisando outras de acordo com o gosto e interesse.
Macunaíma – romance de Mário de Andrade. “Se aventura e humor fazem o seu tipo, este é o livro certo. A linguagem falada é muito interessante e o livro oferece um rico retrato da cultura folclórica brasileira”.
Ensaio sobre a Cegueira – romance do escritor português José Saramago. “Narra a história da epidemia de cegueira branca que se espalha por uma cidade, causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais”.
Odisseia – “Poema de Homero, trata de viagens e aventuras desse que foi um dos heróis da guerra de Troia”.
Pequeno Príncipe - obra do escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, publicada em 1943 nos Estados Unidos. De gênero literatura infantil, a obra é uma fábula de grande ensinamento pessoal.
*Antonio Leitão é Especialista em Informática na Educação (IFMA), Pós graduado em Ciência da Religião (FLATED), Pós graduado em Docência do Ensino Superior (FLATED) e Graduado em Filosofia (FAEME).
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