Na minha coluna dominical, convidei o amigo Valter Nascimento, Graduado em Filosofia pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão (IESMA); Especialista em Filosofia Ética e Política pelo IESMA e Professor Substituto da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), para fazer uma abordagem sobre o "pós-pandemia".
"O coronavírus veio como que um acelarador de futuro e colocou em xeque muitas questões até então encobertas pelo véu da tradicionalidade".
O mundo perpassa por uma transformação por demais devastadora em todos os aspectos do seu organograma, o mundo de antes do Coronavírus não existe mais, é notável a sua desintegração. Se existir algumas pessoas em seu ciclo social que ainda ouse sonhar ou se reportar com um mundo vivido em 2019, afastem-se dessas pessoas, pois as mesmas ainda não conseguiram fazer a transmutação de uma esfera polar a outra. Ainda não conseguiram entender que o Coronavírus tornou-se o grande marco referencial do séc.20, tão devastador quanto foi a Primeira Guerra Mundial no século 19. Um século (20) marcado por uma grande demanda tecnológica, encontra na Pandemia do novo coronavírus o seu fechamento e põe em evidencia uma questão bastante crucial, de que a ciência ainda não tem todas as respostas que possam satisfazer a humanidade.
O coronavírus veio como que um acelarador de futuro e colocou em xeque muitas questões até então encobertas pelo véu da tradicionalidade, mas com esse novo mundo são desveladas e reveladas como a nova configuração do mundo. Dentre essas questões podemos mencionar o trabalho remoto, a educação a distância, a cobrança da sociedade junto as empresas para que estas sejam mais coerentes e responsabilizadas frente as demandas sociais que atravessam as necessidades humanas. Dentre essas necessidades mencionamos a mente humana, elemento constituinte do título do nosso ensaio filosófico.
As mentes humanas começam a seu questionar em meio as inúmeras incertezas trazidas pela Pandemia e inicia-se uma corrida pelo reencontro da própria identidade em um mundo sem identidade. Pois, as certezas afirmadas no passado não faram parte desse novo jeito de ser HUMANO.
A máquina humana, tratada muitas vezes como robô inquebrantável e capa de suportar todas as adversidades do cotidiano, experimenta hoje uma realidade completamente diferente das tantas outras enfrentadas pelo mesmo. Uma ameaça que se torna massacrante a cada óbito ocasionado pelo vírus, proporcionando uma sensação de incapacidade por parte desta máquina tão acostumada a enfrentar as mais diversas situações-problemas e sair ilesa de todos os obstáculos enfrentados. Se ver presa e acorrentada na incerteza de não poder contemplar o novo porvir. Os eletros que interligam cada ponto no epicentro da mente dessa máquina, inicia um processo de pane, movido pelo caos provocado pelo vírus no seu sistema central e este começa a dá sinais de cansaço e sufocamento. O medo de desaparecer e deixar de viver as complexidades da vida, toma conta do homem, o Coronavírus ameaça por todos os lados. Acredita-se e tem-se quase certeza de que a vida não ficará mais fácil de ser vivida após o distanciamento social, será ainda mais duro e difícil. Pois, as mentes estarão confusas e cheias incertezas. Incertezas agora provocadas não pelo vírus, mas pela falta de perspectivas, pela falta de empregos, pela falta de futuro e por um mundo mergulhado numa grande depressão social, fruto de uma consciência asfixiada pela consciência da mortalidade e da fragilidade da matéria.
Conforme, especifica o filósofo italiano Franco Berardi em seus livros intitulados de: Asfixia e Depois do Futuro ( 2019 e 2020) anos de publicação das obras em língua portuguesa. O filósofo explicita em seu pensamento uma possibilidade de fuga dessa “grande depressão”. “É preciso corpo e afeto para dar novo significado ao tecido social e às interações coletivas - promover mais encontros e menos fragmentação”. Com isso, o filósofo quer explicitar que ao término da pandemia as pessoas se encontrem mais, conversem mais, se namorem mais (na perspectivas da pessoa humana). E preciso resgatar o erotismo pelo ser humano, enfatiza o pensador, para que desta forma a humanidade não permaneça imersa nessa grande depressão mental generalizada e pessimista e acabe construindo uma sociedade da desesperança.