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#TBT | Fofão, um dos maiores símbolos do Carnaval maranhense

Personagem é ilustre representante da amálgama de elementos que compõem o carnaval do Maranhão.
Por: PORTAL JG - Juliano Amorim
Data de publicação: 20/02/2020 00h01

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Reprodução

É sabido que o Carnaval, no Brasil, é uma das festas de maior dimensão popular, cujo apelo faz-se saber quase inconsciente, como se estratificado no código cultural de cada um dos brasileiros.

A nível local, a profusão de signos, estandartes e tradições propiciaram à folia carnavalesca, em terras maranhenses, uma textura atípica, resultado de uma profusão de referências angariadas ao longo de quase um século. 

Como símbolo da tradição e da singularidade, o Fofão - fantasia tradicional no Maranhão -, aparece como ilustre representante da amálgama de elementos que compõem o carnaval do estado.

UMA TENRA HISTÓRIA

A origem do personagem é européia, especificamente portuguesa, de acordo com alguns estudos realizados sobre símbolos carnavalescos. Para os lusitanos, o uso de máscaras remonta ao Caretos, que usam-nas para prosseguir com a tradição pré-medieval de alguns povos que habitavam a região hoje conhecida como o norte do país.

Os caretos intentam, por meio de adereços em seus rostos, manter vivo o costume dos antepassados, que agradeciam, desta maneira, a boa ventura nos campos, com a colheita, bem como a prosperidade da ordem social. Estas comemorações, até hoje, são realizadas em períodos-chave do ano, incluindo o Carnaval.

O FOFÃO CHEGOU À ILHA

Nas ruas de São Luís, o Fofão tomou outro significado, divertindo aos brincantes e assustando as crianças. Os traços destacados da máscara e o colorido, presente nos trajes, compõem o figurino dos fantasiados. O adorno da vestimenta possui guizos por sobre o macacão. A ideia é dar som aos movimentos do bicho, edulcorando-o, a despeito de sua aparência.

Com bonecas na mão e máscaras fabricadas com chita ou papel machê, os fofões saem às ruas, dando um tom específico à algazarra nos cantos da capital. O brinquedo na mão é um atrativo para as crianças perderem o medo, assim como uma opção aos pais de darem moedas ao personagem. Uma vareta na mão dos fofões também é comum, usada como proteção contra eventuais ataques de cães, devido às parafinas do figurino.

A QUANTAS ANDA O FOFÃO?

O Fofão, enquanto brincadeira, vem perdendo espaço entre os foliões recentes. O costume se dissipa, paulatinamente, sem a mesma transmissão geracional. Mesmo em bairros de forte tradição de cultura popular, como a Madre Deus, vê-se menos o Fofão a perambular. 

O elemento artesanal, que compõe a liturgia da brincadeira, deu espaço à padronização das máscaras confeccionadas. Estudiosos do carnaval local, como o pesquisador Sebastião Cardoso Júnior, corroboram esta tese: “São poucas as pessoas que se interessam em aprender a fazer estas máscaras de fofão confeccionadas em “papel machê." Esta é uma tradição que está se perdendo para a industrialização com a fabricação de máscaras de látex (...)"

Algumas iniciativas, como o bloco, "Ulá-lá" - capitaneado pelo empresário Elton Alves -, tentam dar fôlego à brincadeira do célebre personagem. O grupo percorre bairros como o Monte Castelo e Bom Milagre, com apresentações que costumam cativar saudosos e apresentar o Fofão aos mais jovens.

O "Bloco do Fofão" também reúne muitos brincantes de todas as regiões da ilha. Com aproximadamente sessenta membros, o grupo aposta nas redes sociais para aproximar novos membros, e percorrer a cidade durante o período momesco.

Iniciativas como essa pretendem resgatar a dimensão histórica do Fofão, revitalizando o personagem sem mitigá-lo em essência.





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