BRASÍLIA

Bolsonaro declara "guerra contra o Maranhão"

A fala do presidente captada por áudio, provocou reação do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) que se pronunciou por rede social.
Data de publicação: 20/07/2019 01h00

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Captada por microfones, uma declaração do presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (19) provocou reações dos governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), da Paraíba, João Azevêdo (PSB) e também indignação por parte da população nordestina.

Bolsonaro conversava informalmente com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, segundos antes do início de entrevista coletiva a correspondentes de veículos de imprensa estrangeiros durante café da manhã, quando declarou:

"Daqueles governadores de... 'paraíba', o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara" — disse o presidente para o ministro. O áudio foi captado pela transmissão distribuída pela TV Brasil, que pertence ao governo federal. Não é possível saber o contexto da conversa. O Palácio do Planalto informou que não vai comentar o episódio.

Pelo Twitter, Flávio Dino escreveu que, "independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação". "Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. 'Não tem que ter nada para esse cara' é uma orientação administrativa gravemente ilegal", argumentou.

Ex-juiz federal, Dino disse que, por conhecer a Constituição e as leis brasileiras, continuará a "dialogar respeitosamente com as autoridades do governo federal e a colaborar administrativamente no que for possível". E fez referência ao artigo 37 da Carta Magna, que estabelece princípios da administração pública para dizer que respeita os princípios da legalidade e impessoalidade.

Já João Azevêdo comentou as declarações de Bolsonaro dizendo que condena "toda e qualquer postura que venha ferir os princípios básicos da unidade federativa e as relações institucionais deles decorrentes".

Em nota, os governadores do Nordeste dizem que recebem com espanto e profunda indignação, e em respeito à Constituição e à democracia, buscam manter produtiva relação institucional com o Governo Federal.

"Independentemente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população. Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia", dizem em carta aberta.

Em entrevista ao site “Terça Livre”, o presidente já havia direcionado críticas ao governo do Maranhão. A conversa foi gravada na segunda-feira, no Palácio do Planalto, e divulgada na noite desta sexta:

"O segundo estado mais pobre do Brasil é o Maranhão. Dificilmente, a gente vai tirar o Maranhão das mãos do PCdoB. Dificilmente, porque aquele povo está sendo cada vez mais doutrinado no sentido de que eles estão mal devido a administrações anteriores. Em parte sim até, muito parecidas com PCdoB."

Em 200 dias de governo, Bolsonaro ainda não visitou os dois estados. No Nordeste, foi apenas a Pernambuco.





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